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Afinal, produtos lácteos fazem bem ou mal para a saúde?

A gente está muito acostumado a ler muitas diretrizes nutricionais que recomendam uma dieta com baixo teor de gordura e, embora não haja consenso entre os especialistas médicos sobre se a dieta com baixo teor de gordura tem algum benefício para o coração, o fato é que essas diretrizes costumam criar pânico nas pessoas, no que se refere à alimentação.

Contudo, uma nova pesquisa, apresentada no último Congresso Anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, diz algo diferente. Ou seja, que se deve repensar o fato de diminuir a ingestão de produtos lácteos, somente devido ao seu teor de gordura.

Antes de mais nada, é importante destacar que a pesquisa tratou do consumo de produtos lácteos, como iogurte e queijo, e não sobre o consumo de leite integral.

Tal artigo esclareceu que, embora durante muito tempo o consumo de produtos lácteos tenha servido de alerta por, supostamente, ter aumentado o risco de morte por doença coronariana e câncer, a evidência de tal risco, especialmente entre os cidadãos adultos dos EUA, parece ser muito inconsistente.

O leite integral contém altos níveis de gordura saturada, que é considerada ruim para a saúde do coração, levando à conclusão de que o consumo de leite integral aumenta, sim, o risco de doenças cardíacas, apesar de não especificar quanto.

No entanto, outros produtos como iogurte e queijo, não mostraram qualquer correlação com o aumento do risco de doença cardíaca. Ao contrário, o estudo concluiu que podem proteger as pessoas da mortalidade total, o que significa morte por qualquer outra causa, e mortalidade relacionada ao sistema cardiovascular.

A pesquisa foi conduzida pelo Dr. Maciej Banach, da Polônia, e examinou dados de 1999 a 2010, retirados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

O número total de adultos nos Estados Unidos que participaram da pesquisa desde 1999, foi de 24.474 de indivíduos, com uma idade média de 47,6 anos. Pouco mais da metade dos participantes eram mulheres.

Durante o período de acompanhamento de cerca de seis anos, 3.420 mortes foram registradas entre os participantes do estudo, sendo 827 mortes causadas por câncer, 706 mortes advindas de problemas relacionados ao coração, e 228 mortes por causa de doenças cerebrovasculares.

Uma análise mais aprofundada dos dados revelou que o consumo de qualquer tipo de laticínio levou a um risco de 2% menor de morte, considerando-se qualquer tipo de causa de morte. O maior consumo de leite integral, por outro lado, foi associado a um risco aumentado de doença cardíaca, apesar de que, esse achado não foi conclusivo. O estudo concluiu que essa hipótese precisa ser ainda mais testada.

Outro ponto positivo para o consumo dos alimentos lácteos foi a indicação de que são fontes importantes de potássio, que podem ser difíceis de obter com a nossa dieta normal. Há estudos, inclusive, que mostram que o aumento da ingestão de potássio pode ajudar a baixar a pressão arterial e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

Vale lembrar, entretanto, que, embora os laticínios sejam uma fonte de gorduras saturadas que elevam o colesterol ruim no sangue, estudos publicados recentemente mostram que os produtos lácteos também podem conter ácidos graxos úteis que podem reduzir o risco de doenças cardíacas.

Apesar desses achados, a maioria dos profissionais médicos ainda afirma que uma dieta saudável e equilibrada e exercícios regulares são a melhor arma na luta contra problemas relacionados ao coração. Não se deve consumir tudo todos os dias, ao contrário: comida de verdade é a dieta mais eficaz, mas ela inclui a variação do que é consumido com a qualidade dos produtos.

Não é preciso consumir leite, queijos e iogurte todos os dias. Além disso, como sempre falamos por aqui, variar pode ser trocar o leite de vaca por leite de amêndoas, de vez em quando, por exemplo. Limitar o leite integral e comer queijo e iogurte com moderação também é recomendado.

O que não dá é para criar pânico a cada nova descoberta da ciência, uma vez que nada é exato e pode ser repensada ao longo dos anos.

E você, o que acha sobre o assunto?

Fonte de dados: Matéria publicada no site Datahand em agosto de 2018.
Texto: Julia De Luca