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Debate do Momento: Afinal, Você deve ou não visitar um bebê RN?

FOTO: Pexels.com

Na última semana, nas redes sociais, só se falava nisso. Um depoimento de uma mãe, que correu com seu bebê, de apenas 17 dias, para o hospital, infectado com o vírus da herpes, trouxe à tona um questionamento nem tão recente assim.

Há muito tempo - eu tenho certeza que na sua família tem algum caso assim - essa questão já é debatida. Contudo, a importância que a voz da mulher (e da mãe) ganhou, nos últimos anos, está fazendo muita gente repensar suas opiniões. O que, antigamente, era visto como frescura da mulher, hoje está sendo visto como um cuidado para com a saúde do bebê.

Estou falando da seguinte situação: alguma mulher, na sua família ou círculo de amizades, recém deu à luz um bebê e você está louco para visitar, beijar e pegar a criança no colo. O que aconteceu com a mãe em questão, foi que, segundo a própria mãe do menininho, recebeu muitas visitas e muitos beijos. Em adultos, às vezes esse vírus sequer se manifesta, mas a criança teve um quadro considerado grave. Procurando na internet, há outros casos de bebês que, inclusive, morreram, por consequência de vírus aparentemente simples como, por exemplo, o da afta.

No instinto de experimentar o mundo, os bebês colocam muitas vezes as mãozinhas na boca. Acontece que eles não têm anticorpos suficientes para lidar com muitas doenças, e, no caso em questão, o bebezinho de apenas 17 dias teve que ficar internado.

A Ana Paula, mãe do Lucca, de um ano e cinco meses, relatou para gente uma situação similar que aconteceu com o seu filho e passa um conselho importante, não para as visitas, mas para os papais e mamães:

“Devido a complicações, ele nasceu prematuro (33 semanas) e ficou na UTI por longos 17 dias. Antes da alta, passaram-nos todos os cuidados que devíamos ter. Pensando em tudo que vivenciamos, decidimos que ninguém iria pegá-lo no colo, até que completasse três meses, e, portanto, restringimos visitas. Decidido isso, já avisamos a todos para não haver constrangimentos. Muitas pessoas concordaram, outras diziam ‘o fulano foi prematuro também e não tinha essa bobeira’, ou então ‘para que isso?! Ninguém aqui tem doença contagiosa’. Houve um fato inusitado: no dia que chegamos em casa, meu marido, ainda descarregando o carro, recebeu de surpresa uma pessoa da minha família que pediu para pegar meu filho no colo, mas já com as mãos sobre o bebê. Pedimos para esperar, pois ele tinha recém sido amamentado, e, contrariando nossa declaração, Lucca já estava no seu colo, arrancando-o do meu. Voltando à nossa decisão, e tendo experimentado uma quebra por um terceiro nela, meu conselho é: não se preocupe, olhares tortos virão, opiniões desnecessárias também, mas quem dita as regras é você, você e seu parceiro estão no controle, seu bebê precisa de você muito melhor psicologicamente do que fisicamente… Então, quando chegar a sua vez, deixe sua opinião estampada, faça isso por você!”

Esta situação apresenta outras camadas que podem ser analisadas, como, por exemplo, respeitar as opiniões dos outros, as decisões dos outros. Não se sinta importante em ajudar, quando perceber, numa visita, que os pais estão relutantes em te entregar o filhinho deles. Algumas coisas, mais do que meros cuidados, são instintos.

Portanto, se for realmente visitar um bebê recém nascido, siga algumas regrinhas básicas de convivência, como perguntar se a visita pode acontecer e qual o melhor horário; ao chegar, pergunte como os pais desejam que você higienize as mãos, se pode pegar o bebê no colo e como os pais recomendam.

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A médica dermatologista Beatriz Ghedin, compartilha dessa ideia:

“Não sou da opinião radical de que não se deve visitar recém-nascidos, mas que se devem seguir algumas regras. Os recém-nascidos ainda não têm imunidade formada e podem adquirir várias doenças pelo contato com adultos, que podem ser graves ou fatais, como encefalite herpética (causada pelo vírus da herpes) ou alguns tipos de meningite. Como mãe de primeira viagem, há pouco mais de duas semanas, posso dizer que tive “sorte” com as visitas.”

A médica ainda conta que, dentro da questão de sorte, todas as visitas seguiram essas regrinhas básicas, tanto de higiene quanto de convivência, o que tornaram as visitas um momento de felicidade. A dica dela é de extrema importância para os pais, que serão os anfitriões dessas recepções:

“Não fiquem constrangidos de dizer ‘não’ às visitas, de pedir para passarem álcool gel nas mãos (inclusive, tenha um sempre à vista) ou de pedir licença se quiser se afastar para dar banho ou qualquer outro motivo. Não são eles que ficarão apreensivos e cuidando do bebê caso ele fique doente, ou que ficarão sem dormir direito pelas próximas noites. Só quem estará vivendo essa realidade serão vocês.”

Algumas condutas são tão básicas que a gente até as esquece, mas elas existem por razões boas, pode acreditar. Torne a visita agradável e não tensa, caso contrário, para que fazê-la? Compreenda o momento da nova família e, antes de tudo, respeite as regras da casa que você está como mero visitante. Este é o equilíbrio necessário que torna qualquer visita agradável, sem tensão e, cá entre nós, muito fofa. Uma nova vida veio ao mundo, celebre-a.

Texto: Julia Stano De Luca