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Meditar é mais fácil do que você imagina

Um lugar tranquilo. Uma música sem voz. Um incenso aceso, exalando cheiro de canela ou sândalo ou alecrim. Um cruzar de pernas em posição de borboleta e um fechar de mãos em formato de gota. Isso é o que normalmente imaginamos ser o cenário perfeito – e único possível – para praticar a meditação, não é?

Mas meditar, além de ser uma prática inegavelmente benéfica para a saúde e o bem-estar físico e emocional, é mais simples do que parece. Para além da coluna reta e da mente vazia, a meditação nos pede apenas que respiremos e coloquemos a nossa atenção no presente, e isso pode ser feito sem tantos pré-requisitos.

Então, aqui estão algumas dicas para que você possa aprender um pouquinho mais sobre meditação e, quem sabe, aderir à prática para atravessar os dias com mais serenidade:

1 - Meditação e respiração

A meditação está totalmente relacionada com a nossa respiração. Para que consigamos, de fato, meditar, precisamos, antes de tudo, respirar bem fundo e devagar. E de novo. Fechar os olhos e prestar atenção nesses movimentos de entrada e saída de ar são atitudes que facilitam esse processo.

Você pode, também, optar pela respiração diafragmática, que é aquela em que não elevamos os ombros quando inspiramos, mas canalizamos todo o ar na região abdominal. É como se estufássemos a nossa barriga com ar até não poder mais. Depois, calmamente, expiramos. Esse tipo de respiração, de acordo com a teoria psicanalítica reichiana, “limpa” as nossas impurezas emocionais, já que o diafragma é responsável por mediar as nossas emoções mais complicadas, que se manifestam em forma de choro, náusea, soluço... Então, para começar, R-E-S-P-I-R-E!

A meditação está muito relacionada com nossa respiração.

2 - Meditar em qualquer lugar

Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê. Meditar não exige um espaço específico, tampouco condições especiais, como uma manhã de sol, um mar de água azul turquesa ou uma montanha nos altos do Himalaia. Você pode meditar dentro da sua “selva de pedra” – é uma maneira, inclusive, de torná-la mais acolhedora. No ônibus, enquanto vai para o trabalho ou volta da faculdade; na fila do pão ou do banco; nos minutos que antecedem a entrega para o sono.

Esses momentos, que geralmente utilizamos para repassar mentalmente a nossa lista de tarefas e obrigações da semana, podem ser ressignificados e direcionados para o exercício da meditação. É claro que meditar próximo à natureza, em uma paisagem linda e “good vibes” parece mais adequado e oportuno, além de atraente, mas o que precisamos entender é que a meditação não necessariamente precisa dessa composição para acontecer.

Esperar pelo cenário perfeito e pelas condições ideais, certamente, atrasa e limita o nosso envolvimento com a meditação e os benefícios que ela proporciona.

Você pode meditar em qualquer lugar.

3 - Meditação é estar atento

O processo de meditação passa pelo que chamamos de atenção plena ou integral. Isso quer dizer que meditamos sempre que colocamos a nossa total atenção no que estamos fazendo, ainda que não estejamos conscientes de que estamos meditando.

Por exemplo, se você gosta de realizar alguma atividade manual, como pintar, bordar, escrever, desenhar, e se sente totalmente imerso nessa atividade enquanto a pratica, você está meditando. O mesmo vale para cantar, dançar, cozinhar, entre outros: envolver-se com o presente é meditar.

Por isso é tão comum ouvirmos e propagarmos o discurso de que praticar um “hobby” pode ser terapêutico. Pôr “o mundo no mudo” e concentrar toda a nossa energia e foco em uma atividade prazerosa, que nos absorve por inteiro, fortalece a nossa autonomia e potencializa a nossa auto-conexão, além de ser um gesto de amor próprio.

4 - Meditar para sobreviver

Que “viver é negócio perigoso”, o Guimarães Rosa já havia nos alertado, mas a gente só confirma isso quando vira adulto de verdade. Prazos, metas, contas, cuidados… Tudo o que nos é imposto e cobrado diariamente nos leva a desenvolver a paciência e a resiliência, o que é admirável. Mas, por vezes, cansa, desanima e frustra, afinal, não somos de ferro (e tudo bem).

A fim de suavizar essa exaustão provocada pelas exigências da vida moderna e nos encorajar no enfrentamento dos desafios do dia seguinte, a meditação surge como uma estratégia de sobrevivência a este mundo cão. Doar uns poucos minutos dos dias corridos à prática da meditação é fundamental para que possamos acessar a calma, tranquilidade, temperança e sabedoria.

A partir da meditação, as coisas difíceis pelas quais passamos ganham pesos e medidas mais leves, as interpretações dos fatos ficam mais claras e as escolhas que fazemos, mais seguras.

O processo de meditação passa pelo que chamamos de atenção plena.

Muita coisa muda dentro e fora de nós quando incluímos a meditação na nossa rotina. A meditação é a ponte para que alcancemos o que, em meio à poeira fina dos dias, fica escondido, perdido, adormecido. A vida ganha novo sentido quando decidimos buscar o melhor de nós, e meditar é peça-chave nessa busca.

Que seja por meia hora; que seja por cinco minutinhos: reservar um tempo para a meditação é escolher fazer da travessia complexa da vida uma caminhada tranquila e cheia de descobertas surpreendentes. Que tal experimentar?

Texto: Indianara Machado