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Viagens

Dicas de Viagem para Chapada dos Veadeiros – Parte 2

Vamos continuar nossa viagem pela Chapada dos Veadeiros? Na Dicas de Viagem para Chapada dos Veadeiros – Parte 1 comentei que optamos pela hospedagem na Vila de São Jorge, um bairro distante uns 30 km do famoso centrinho de Alto Paraíso. Lá na Vila o clima é de novela: não há asfalto, é tudo simples, com muitos restaurantes, hospedagem e comércio local.

Logo ali na Vila, o Parque Nacional

Em toda a cidade, há diversos tipos de hospedagem, dos mais simples aos mais luxuosos. De camping a pousadas, optamos pela Baguá Pousada, bem bacana e confortável, coladinha ao Parque Nacional. A infraestrutura é bem especial, com piscina de água natural (e bem gelada, como a das cachoeiras), jacuzzi (disputadíssima, imagine o motivo) e até sauna – sem contar o café da manhã, com vista para a natureza característica do cerrado, pássaros comendo frutinhas todos os dias deixadas pelos funcionários, mantras ao fundo e, o ponto alto, as comidinhas deliciosas. Cardápio contava com muitos sucos de frutas, omeletes, ovos e tapiocas feitos na hora e muitas opções para os intolerantes à lactose e ao glúten.

Cabana Zazu, nossa casinha
Piscina da Pousada

A pousada foi o ponto de equilíbrio para a gente, pois fui passar meu aniversário e sabíamos que não estávamos indo para um destino de descanso, pelo contrário. Uma dica antes de prosseguirmos para as trilhas: aproveite o café da manhã para comer bastante, pois ao longo dos passeios você só comerá o que tiver levado na mochila e, geralmente, são lanchinhos como sementes e barrinhas, confere?

A área do café da manhã e recepção

No primeiro dia, depois de rodar uns quilômetros a mais em busca dos campos de girassóis, chegamos tarde e, até terminarmos o check-in e conhecermos o nosso quarto, já estava escuro e só saímos para comer. Optamos pelo restaurante intimista, charmoso e aconchegante chamado Santo Cerrado Risoteria.

Quando descemos do carro, uma linda surpresa ao olhar pro céu: a lua cheia acendeu com potência as estrelas do céu. Já sabíamos que o céu lá era mais estrelado, mas não imaginávamos o quanto. Vale a pena ficar alguns minutos apreciando aquilo tudo, uma vez que as máquinas não profissionais, infelizmente, não captam todo o brilho. Esse é o tipo de memória das viagens que só os nossos olhos fotografam, sabe como?

No restaurante, sentamos numa mesa ao chão, tiramos os sapatos e pedimos logo uma panelinha de risoto de frango com pequi, fruta típica da região e uma taça (jarra?) de sangria individual, lindamente decorada por uma coroa de melancia. Aliás: experimente as frutas, mesmo as já conhecidas. São doces demais e vale a pena.

Risoto muito bem feito de frango com pequi, combinação famosa no Cerrado
A sangria dois em um: drink e sobremesa

No dia seguinte, 31/08, sexta-feira, depois do café da manhã caprichado, seguimos para a Fazenda São Bento, que fica localizada entre a Vila de São Jorge e o acesso principal para o centro da cidade. E, ah, antes de continuar, vale lembrar que todas as cachoeiras ficam localizadas em propriedades privadas, com exceção das do Parque Nacional, e, portanto, há cobrança de ingresso. Dentro da São Bento, por exemplo, pagamos R$40 por pessoa e temos acesso a três trilhas com cachoeiras: Almécegas I, Almécegas II e a que dá nome à propriedade, cachoeira São Bento.

Fomos apenas na Almécegas I e II e logo nos impressionamos com a beleza da I, depois de uma trilha com dificuldade média (muitas pedras e subidas), mas com tempo bacana de caminhada, entre 30min a 1h. A recompensa são quedas d´águas, ainda que geladas, de uma beleza bem diferente das que costumamos ver por aqui, no nosso litoral – e falo assim mesmo das próprias cachoeiras da região.

Há, sim, presença de vegetação, mas não tem clima úmido e a água, neste caso, era bem escura. A segunda cachoeira da propriedade não nos impressionou muito, contando apenas com algumas piscinas formadas e, naquele dia, havia muita gente disputando um lugarzinho à sombra.

Almécegas I
Almécegas II

Destaco que, lá na Chapada, não precisa contratar guia para a maioria das atrações, a não ser que você faça questão. A gente só trilhou com guia no único passeio em que era obrigatória a contratação.

Deixamos de visitar a São Bento e seguimos em direção à pousada, com uma parada no meio do caminho e, para mim, um dos lugares mais interessantes que vimos na viagem toda, o famoso Vale da Lua. O ingresso fica R$20 por pessoa e a trilha é rapidinha, apenas 600m, com a recompensa de chegarmos num complexo rochoso moldado pela passagem das águas que correm por ali, o que dá impressão de estarmos pisando na lua, verdadeiramente. E, sem piadinha, ninguém aqui foi pra lua, é verdade, mas todos sabemos da sua semelhança com um queijo suíço, né?

As formações rochosas no Vale da Lua

Uma surpresa ao entrar no Vale da Lua: uma arara bem azul sobrevoou nosso carro, bem livre, no seu próprio habitat. São tesouros como estes que marcam a viagem. Preste atenção no caminho.

Uma das surpresas pelo caminho: amor!

No Vale da Lua, pegamos um solzinho, no final da tarde e depois corremos para o hotel, relaxar um pouco na piscina antes de nos arrumarmos para conhecer outro restaurante – ou matar a fome, na verdade.

Na piscina do hotel, ao final da tarde, com óculos da Chloé

Escolhemos o Rústico, com ambiente simples e sofisticado ao mesmo tempo, ao ar livre, com as mesas sobre pedrinhas e a brisa leve que bate por lá, à noite.

No dia seguinte, 01/09, o fatídico e histórico dia da visita ao Parque Nacional. Fatídico porque estávamos já nos achando aptas para escolher uma trilha, dentre as quatro localizadas por lá, em que tivemos que percorrer 5km para ir e, obviamente, 5km para voltar. Lembre sempre da volta. O ingresso custa R$15 e a gente assiste a um vídeo sobre a manutenção do parque, fauna e flora do cerrado, quais trilhas seguir e como seguí-las (de novo, a gente faz sem guia) e até mesmo o que fazer em caso de incêndio, evento que é comum por lá – ainda bem, não vimos nenhum – em época de seca.

Placa de entrada do parque
Poesia adaptada para explicar a placa gigante de quartzo rosa sobre a qual o Parque está localizado

A ida sempre é mais fácil. O caminho não tinha tantas subidas, mas muitas pedras. Foi 1h30min de caminhada. A recompensa foi a Cachoeira das Cariocas e, pra mim, a paisagem que mais marcou o Cerrado. As pedras bem avermelhadas, lembrando a terra das estradas, com a água também escura (e menos gelada que a do dia anterior), nos permitiu ficar ali curtindo muito por bastante tempo. Nadamos, comemos e bebemos água diretamente da queda d’água. Uma delícia. O problema, já falei, foi a volta, pois estávamos muito cansadas, e não tínhamos noção de quanto tempo faltava para chegar à recepção do parque.

Vá preparado: leve relógio para marcar o tempo e a distância, muito mais que apenas uma garrafinha de 500ml de água e escolha o dia em que você estará mais disposto de todos. Não se engane com a minha sinceridade: vale a pena, mas alerto para a dificuldade. Dentro do próprio parque há trilhas mais simples.

A recompensa que vale a pena: um mergulho gostoso na Cachoeira das Cariocas

Escolhemos jantar de novo no Rústico porque estava rolando um show de jazz de Izabella Rocha, ex integrante da banda Natiruts. Após o show, fomos para a “balada”, a única da cidade: um forró na casa de cultura Cavaleiro de São Jorge. Depois de dançar e beber uma caipirinha, fomos descansar.

O dia 02/09, domingo, nos marcou por ser um dia em que vimos águas cor de esmeralda, pela primeira vez na viagem, depois de uma caminhada de apenas 300m. Estávamos um pouco assustadas com o dia anterior. Perdemo-nos a caminho do passeio escolhido, a Cachoeira Loquinhas – mas logo acertamos. Como nosso sinal de internet não funcionou, valeu a pena se perder e curtir a paisagem. A propriedade cobra R$30 para acessar um caminho todinho feito de madeira, ou seja, além de curto é possível caminhar de chinelinhos nos pés. Praticidade.

Natureza belíssima no Cerrado brasileiro
O poço do Xamã, na Cachoeira das Loquinhas

Lá a gente visita alguns poços de águas azuis e cristalinas. Foi diferente de tudo que estávamos acostumadas a ver por ali. Almojantamos no Jambalaya, localizado mais centralmente em Alto Paraíso, o nosso segundo restaurante preferido, com comida gourmet e sofisticada: nosso prato foi spaghetti ao molho de limão siciliano e paillard de frango, muito bem temperados.

Um dos ambientes do Jambalaya. Quase todos os restaurantes dispõem de mesa na rua

Conta pra gente, até agora, o que você está achando das dicas, paisagens e roteiro? Seguiremos falando do dia 03/09 ao dia 05/09 no próximo e último post, junto com as minhas considerações finais da viagem. Respira aí, que a gente já volta.