Treissi Amorim logo
News

Não dá para amar o outro sem se amar primeiro

O amor é um dos maiores mistérios do mundo, tão intrigante, discutido e pensado. Todos vivemos querendo explicá-lo e, por isso, ele está em tudo: nas músicas, nos livros, nos filmes. Há sempre uma história de amor para conhecermos.

Tanta referência assim pode nos deixar com uma dúvida: o que eu sinto é tão intenso quanto o casal daquele filme? Aquela música que ouvimos significa que o amor tem que ser sofrido? Às vezes, pensamos tanto que esquecemos de sentir.

O que você sente? O seu relacionamento e o seu coração são os únicos guias. As outras histórias e as outras músicas são de outras pessoas, não são seus mapas.

Os modelos que pipocam por aí, é claro, nos dão a dimensão da importância deste sentimento em nossas vidas. Mas temos que cuidar para não referenciar demais e esquecer de viver a vida – e o amor – agora, dentro das nossas possibilidades e realidades.

Claro que você pode – e deve – se inspirar em tanta história linda, mas você tem que se amar primeiro, saber o que você quer, o que você gosta, com o que você sonha. E, ó, um segredinho: sempre temos as respostas, entretanto, há tanta poluição, lá fora, que a gente acaba embaçando nossos sentimentos genuínos.

Resolvemos, por aqui, mais uma vez, provocá-los com mais um montão de perguntas – até porque, na maioria das vezes, as respostas nem estão tão escondidas assim, só requerem a coragem para dar um empurrãozinho e tirá-las do esconderijo.

Permita-se sentir em cada pergunta e em cada resposta. Vamos brincar?

1. Você se auto responsabiliza?

Você coloca no outro a responsabilidade sobre a sua própria felicidade quando você não teve, ainda, a coragem para mergulhar, sozinh@, para dentro do seu coração?

Ali em cima, mencionei as referências a que estamos expostos todo o tempo, com as músicas e filmes, por exemplo. Já se sentiu contaminado? Pois é. Por isso mesmo que devemos sentir todas as formas de arte que retratam o amor, mas ter sempre em mente o que realmente, genuinamente, sentimos: é só isso que importa. Não se compare.

Os dicionários definem a palavra “genuíno” com sinônimos, como, por exemplo: próprio, exato, legítimo, verdadeiro, sincero, franco, que não sofreu nenhuma alteração em sua fórmula; puro.

O seu amor (por você e pelo outro) é puro ou já sofreu alguma alteração na fórmula que você mesma criou e faz sentido para você?

Você sente amor ou posse pelo outro?

2. Amor ou posse

Há algum tempo, circulou um vídeo pelas redes sociais em que a brasileira e monja Coen explica, na sua visão, sobre o amor romântico (tema da maioria dos textos e histórias que conhecemos) e o amor genuíno, até então, para muitos, uma novidade.

No vídeo, a monja explica que, no amor genuíno, a responsabilidade nunca é do outro, somente nossa. Você ama o outro suficientemente a ponto de deixá-lo tão livre para, inclusive, não te amar, se isto não lhe trouxer felicidade?

Você ama o outro como ele é, ou como você o desenhou na sua imaginação? No livro “Amar e ser livre”, do guru Sri Prem Baba, o tema central é este mesmo: amor e liberdade. É possível que essas duas palavras possam andar juntas?

Sim, segundo o guru, esta é a essência do amor. Amor não é posse: “[...] um coração puro é livre, pois não se prende a nada.”. Você se ama tanto a ponto de não se prender a nada? Se sim, por consequência, conseguirá fazer isso estando em qualquer relacionamento, também.

Você vai saber quando for amor de verdade.

3. A coragem de amar

A palavra coragem vem do latim: “ação do coração”. E quão corajoso é o seu? Quanta coragem você tem para se amar e agir rumo ao seu sentido e essência? O outro só vai te fazer feliz quando você, em cada ação, souber o que fala diretamente com o seu coração.

Você vai saber que está sendo amada quando sentir, do outro, um incentivo para você seguir seus sonhos. Quando o outro escutar os teus medos, sonhar junto, construir junto. Quando o outro te deixa, também, livre para amar outra pessoa que não ele. Amar, genuinamente, exige essa coragem que vem da liberdade, que vem do amor. É simples, a gente que tapa todos os buraquinhos com sentimentos opostos como posse e medo de ficar sozinho.

E aí, depois de ler e sentir tanto, ainda lembra do que significa a palavra “genuíno”? Já consegue visualizar a tua fórmula? Consegue enfrentar, com coragem, todas as referências e barulhos exteriores e afinar com o seu desejo? Já consegue se amar tanto para dizer um “não”? Já consegue amar tanto para deixar o outro livre? O que é amor para você? De que forma você expressa e recebe amor no seu relacionamento? Conseguiu se identificar com alguns dos pontos que trouxemos para provocar?

Nosso desejo, lembramos, é que você sinta que a sua fórmula não é imutável. Você a deixa fluir, conforme for mudando, amadurecendo, crescendo. Ela é sua e só você a conhece. Aproveite-a.

Texto: Julia Stano De Luca